domingo, 25 de agosto de 2013

NÓiS de Teatro

Nesta terceira semana de agosto tive o privilégio e o prazer inenarrável de assistir dois espetáculos do Grupo NÓiS de Teatro na Mostra Sesc Guerreiros de Alagoas em Maceió. Eles começaram seu fazer artístico tendo, como ponto de referência o bairro Granja Portugal, em Fortaleza, no Ceará, minha terra natal. Não sou de Granja, sou da Vila Betania. Se não me engano, antigamente os dois bairros faziam parte da grande Parangaba.

Após essa breve referência geográfica, Tudo hoje é periferia. Periferia no sentido econômico, isto é, quem tem oportunidade de acesso a bens e serviços de qualidade ou não.

Com essa brevíssima referência conceitual, quero dizeque o Centro e adjacências de uma capital brasileira como Fortaleza concentra os equipamentos culturais da cidade tais como: teatros, centros culturais, cinemas, bibliotecas, boates e restaurantes, dentre os principais.

O que resta à periferia? O que pode fazer a periferia? Iniciativas como do Grupo NÓiS de Teatro são imprescindíveis para o fomento da cultura e do pensamento libertador. Eles dizem o que quase ninguém mais diz. Eles e elas mostram o óbvio ululante já que o povo perdeu a capacidade de ver a olho nú. 

E como o grupo faz essa função que a escola há muito não faz? O NÓiS se apropria do pão e do circo, comumente utilizados para embotar a mente do povo, para plantar uma sementinha da indignação, do pensamento crítico, da consciência de que não estamos sós e não somos massa de manobra. A sementinha que diz que NÓiS somos donos dos nossos destinos e que podemos mudar esse planeta sim. UTOPIA? Que seja! Lembrem-se daquele jargão: A PESSOA NÃO SABIA QUE ERA IMPOSSÍVEL, FOI E FEZ. O NÓiS está fazendo.  E como? Com sua estética contemporânea, antropofágica, absurda, pobre-rica de elementos, radical, moderno, haddadiano, grotovskiano, stanislavsquiano, brechtiano, celsomartineziano, boaliano e tantos outros.

E a quarta parede? Que quarta parede coisa nenhuma, a comunicação direta brechtiana do grupo é fantástica. E adramaturgia? Porra de dramaturgia! NÓiS querem se comunicar com um público que está cansado de começo meio e fim. A platéia está precisando de um solavanco, de uma porrada no estômago para acordar. O jogo cênico do NÓiS mexe com os próprios signos e símbolos do espectador para então derrubá-los, esfregá-los na cara do espectador e assim o próprio espectador perceber o quão ele é usada e pisado pela mídia e pela classe dominante.

Não. Não penso que esse grupo vá mudar o mundo. As pessoas que os assistem é quem vão mudar a si próprios e ao mundo de pinguim em pinguim, paulatinamente.

E acredito que NÓiS engravidará outros grupos, periféricos ou não, com sua estética contemporânea radical antropofágica brechtiana boaliana haddadiana celsomartineziana stanislavskiana grotowskiana.

Um comentário:

  1. OLÁ CÉSAR. É MUITO BOM VER QUE NOSSO TRABALHO REVERBERA NAS PESSOAS DESSA MANEIRA. SOMOS UTÓPICOS SIM, E É POR CAUSA DELA QUE SONHAMOS COM UM MUNDO MELHOR. ESSA É A NOSSA MANEIRA DE FAZER A DIFERENÇA NESSE MUNDO.E VAMOS CAMINHANDO. VAMOS FICANDO GRÁVIDOS. E VAMOS FAZER NASCER SEMPRE ESSA VONTADE DE FAZER DIFERENTE, DE PENSAR DIFERENTE, DE VIVER DIFERENTE. ABRAÇOS!!!! KELLY ENNE SALDANHA

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